DRAMA


E então, quando finalmente decidi que não precisava mais ter tanto medo do mundo, o medo acabou por me pregar mais uma peça.

De repente, me vi imersa em uma vida que em parte eu não queria, mas que precisava, ou melhor, merecia. Meus sonhos surgiram silenciosamente em minha mente e se arraigaram em minhas células, sufocando-me, sem me dar espaço para respirar. Eu queria ter tido alguém com quem conversar naquele momento. Queria chorar, mas, de alguma forma, não conseguia. Tentava instigar as lágrimas a saírem, mas elas permaneciam intactas dentro de meus olhos. Suspirei, suspirei, e tentei pensar em algo menos amargurado, menos vazio de amor. Mas não consegui. Mais uma vez, tentei fazer as lágrimas fluírem, mas fracassei. Por fim, busquei no fundo de minha mente algo que me acalmasse, algo menos aterrorizante do que não alcançar o sucesso como jornalista. Pensei comigo mesma que escrever mal e ter medo de voar não seria, necessariamente, o fim do mundo. Quando é que um jornalista de sucesso teria medo de voar, afinal? Comecei a analisar friamente os momentos em que consegui superar meus traumas e me dedicar ao meu trabalho, mas mais uma vez fracassei. No entanto, sou ariana com ascendente em Touro, impulsiva por natureza, e não poderia encerrar minhas teorias dramáticas sem mencionar que já não sei se um amor baterá à minha porta. Percebi que posso acabar como uma tiazona. Imagina só? Uma tiazona que nunca voou e não sabe escrever. Lembrei-me de que há pessoas que são nerds, mas bebem cerveja. Será que ser nerd e beber cerveja está na moda? 
Enfim, o que definitivamente não está na moda é ser tiazona. Então, agora, concluo este conto sem saber bem o que será de mim. Talvez, algum dia, em um futuro não muito distante (espero), eu aprenda que ninguém reconhecerá nada do que faço, pois sou dramática, intensa e louca demais. E afinal, ninguém lerá meus textos. Muito menos este.

Bianca Araújo

Comentários

  1. Eu li... e adorei!
    Eu tb acho que não sei escrever, e todos me dizem o contrário... eu tb me acho velha, e todo mundo me diz que não... eu tb tenho medo de tudo... e ninguém vê...
    Essa é a nossa vida, vida de jornalistas... nós nunca nos enxergamos como somos, e sempre achamos que o mundo nos valoriza demais... o desafio é encontrar o equilíbrio em nós mesmas...
    E não force as lágrimas, elas vão cair no momento certo!
    Eu adoro seus textos, Bia, não abandone seu blog... não como eu abandono o meu muitas vezes...

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