Papel na garganta
Ai eu pego os bilhões de pequeninos pedaços de papéis amassados do meu peito e coloco tudo dentro da minha boca até eu não conseguir mais fecha-lá, e engulo os papéis amassados um a um, e de seco vai se tornando grudento, minha saliva se mistura com o pouco da tinta de caneta que resta sobre a fria escrita dos papeis e eu engulo tudo com gosto, até lambo os beiços depois. Me enojo ao sentir as bolotinhas de papel atingir meu estômago, faço o enorme esforço pra não jogar tudo pra fora, tomo agua pra ajudar na digestão.
Rastejo-me até a janela, olho pro céu, pra chuva lá fora, tudo é tão vazio e esses pedaços de papel seco no meu estomago fazendo ondas de vômito se misturar dentro de mim me dão náuseas. Já não posso continuar com isso, mas acostumei ficar na beira do precipício e vivo meus dias assim.
Você entra e sai, eu te vejo o tempo todo, o seu sorriso, sua cara de safado quando passa duas mulheres lindas na rua, seu superego fala mais alto que você o tempo todo, seu bafo de cerveja no final do sábado. Sua mania de se encaixar na minha lista de contatos todas as vezes que eu vou ligar pra pizzaria. Tudo isso é parte do seu jogo? E os papéis sobre a sua mesinha de escritório, o vazio das marcas de batom nas suas pranchetas de trabalho. Você tem essa péssima mania de sugar o coração das pessoas, vai sugando todo o seu sangue, sua alma, até restar papel? e todo esse papel se destingir no cérebro a ponto de não vermos mais quem somos, só a papel em toda a massa cefálica dessa merda toda.
Rastejo-me até a janela, olho pro céu, pra chuva lá fora, tudo é tão vazio e esses pedaços de papel seco no meu estomago fazendo ondas de vômito se misturar dentro de mim me dão náuseas. Já não posso continuar com isso, mas acostumei ficar na beira do precipício e vivo meus dias assim.
Você entra e sai, eu te vejo o tempo todo, o seu sorriso, sua cara de safado quando passa duas mulheres lindas na rua, seu superego fala mais alto que você o tempo todo, seu bafo de cerveja no final do sábado. Sua mania de se encaixar na minha lista de contatos todas as vezes que eu vou ligar pra pizzaria. Tudo isso é parte do seu jogo? E os papéis sobre a sua mesinha de escritório, o vazio das marcas de batom nas suas pranchetas de trabalho. Você tem essa péssima mania de sugar o coração das pessoas, vai sugando todo o seu sangue, sua alma, até restar papel? e todo esse papel se destingir no cérebro a ponto de não vermos mais quem somos, só a papel em toda a massa cefálica dessa merda toda.
Você não cansa de sonhar acordado com o dia que será um dos grandes na empresa onde trabalha, você ri com seus amigos, conta piada, conversa com as pessoas na rua, faz amizade com os seguranças, com as enfermeiras e eu continuo aqui, comendo papel e bebendo água. Meu corpo inteiro clama por sentir o cheiro do seu cabelo depois do banho, e do seu imenso eu, quando nada mais faz sentido pra mim. Quando tudo aqui no meu quarto é espasmos de lucidez e minha angustia contraída em vontade de vomitar bolas de papel. Posso ligar a TV e assistir o filme da sua rotina, por que a minha já se foi há tempos.
Na minha profunda mentira de vida que conto aqui, não tenho mais vontade de sair da onde estou, tudo isso se torna mais prolongado a medida que vão sendo digeridos novos papeizinhos, por que, eu daria tudo de insignificante que tenho, pra me transformar num deles, e sair por ai nadando no estômago de alguém...
Bianca Araújo
Bianca Araújo

Texto lindo, Bia...
ResponderExcluirAmei!!!
Ow Nani valeu :)))
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