Meu desejo irracional pelo Jornalismo

Meu pai queria que eu fosse médica. Pediatra, pra ser mais exata. Ele achava fascinante a ideia de uma mãe atender os problemas de saúde dos seus filhos. Na verdade acredito que meu pai queria mesmo era que meus filhos nunca adoecessem, ou achava que eu (a super Bianca médica) poderia impedi-los de ter alguma doença grave. O que é totalmente surreal. Afinal, eu ia trabalhar demais em plantões, cuidando da saúde dos filhos dos outros e tudo mais. Cara, imagina passar 72h num hospital transpirando feito um porco e protelando as mais variadas doenças e vírus. Isso não é pra mim.

Já a minha mãe queria que eu fosse professora. Incrível, apesar do mau salário e daquelas mil crianças que ela sabia que eu não conseguiria lidar. Lá estava minha mãe, sonhando acordada. Acho que ela confiava no meu instinto maternal ou algo do tipo. E da minha vocação pra docência. Ao meu ver, isso é tudo historia pra boi dormir, pais sempre acham que sabem tudo em relação a vocação do filho. Mas isso não, por Deus. Eu amo crianças, mas não consigo passar mais de 20 minutos com uma. Eu acho incrível e corajosos todos os médicos (aliás, admiro cada um deles), mas detesto hospitais, cheiro de remédio e paredes amarelas.

Portanto, estou aqui. Diante da minha família maluca e do meu senso de heroísmo barato quando se trata do meu happy future. Verdade seja dita: Eu sempre soube o que eu queria ser. Comigo nunca teve essa historia de: “eu tô em duvida entre duas” ou “não vou fazer esse ano porque ainda não me decidi”. Bobagem. 

Jornalismo sempre me perseguiu. Em todos os livros que li, em todos os filmes que vi, os lugares que visitei e nas minhas viagens imaginarias pelas reportagens da National Geographic. Acreditem, com aquela bíblia em mãos eu já viajei horrores. Visitei a floresta amazônica. Vi coisas que aconteceram há mil anos atrás. Entendi de simetria quando - na aula de física sempre tirava zero - Pois é, já perdi as contas de quantos horários de almoços passei viajando por aquelas reportagens. E no desejo que senti. A vontade de ser a pessoa que escreve de um jeito que faz seus leitores se teletransportarem para outro mundo.

Bom, desejo realizado, diploma na mão. E aí? Pego meus textinhos baratos, minhas crônicas dramáticas e finjo que tudo no mundo é cor de rosa? Vai pensando. Terei que trabalhar bastante. Em verdade, o jornalismo sempre me inspirou por ser algo real. Concreto. É difícil se virar quando boa parte da sua essência é constituída por sadismo barato e festas de adolescentes. Sempre quis mais. Embarcar em lugares, pessoas, cheiros e sons. 

Então, não me contive: Quero ser isso. Alguém que investiga vários assuntos, que nunca está contente com o que tem, que quer sempre mais! Aquele que quer sempre a melhor matéria ou o melhor lugar, esse que não dorme. Fica a noite toda na frente do computador escrevendo ou lendo algo, ou estudando, ou apenas passando o tempo. Enfim, vejo essa aventura como mais um livro de aventura difícil de decifrar, então sento, toda bonitinha com a coisa na mão e começo a folhear. É hora de fantasiar! 

Bianca Araújo

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